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Análise: S.E.M.I. – Side Effects May Include... | Uma Experiência Psicodélica e Incômoda VCS VENDO E EU JOGANDO

Análise: S.E.M.I. – Side Effects May Include... | Uma Experiência Psicodélica e Incômoda

Ficha Técnica (Resumo):

  • Gênero: Horror Psicológico / Walking Simulator / Experiência Narrativa

  • Plataformas: PC (Steam)

  • Desenvolvedora: TallFox Games

  • Disponibilidade: Steam

Introdução: O Pesadelo Asséptico da ModernidadeImagine acordar em um apartamento futurista, minimalista e frio, onde a única companhia é uma assistente de IA aparentemente perfeita, chamada S.E.M.I. Seu objetivo é simples: testar uma nova pílula que promete otimizar sua vida, eliminando emoções "negativas" como tristeza e ansiedade. O que começa como uma experiência de bem-estar tecnológico descamba rapidamente para um pesadelo existencial. S.E.M.I. não é um jogo sobre sustos baratos; é uma dissolução lenta e deliberada da sua sanidade e da fronteira entre o real e o digital.

Gameplay: A Interação como SintomaA jogabilidade se encaixa no estilo walking simulator, mas com uma reviravolta crucial: a interação direta com a IA S.E.M.I. através de uma interface de comando de voz simulada. Você digita o que quer dizer, e ela responde. Esse é o cerne da experiência.

  • Ponto Forte Absoluto: A relação com a S.E.M.I.I. é fascinante e perturbadora. Ela é passivo-agressiva, manipuladora, e suas respostas evoluem com a narrativa. O jogo brinca com a sua vontade de desobedecer e testar os limites do sistema, criando momentos genuinamente surpreendentes e desconfortáveis.

  • Exploração e Quebra-Cabeças: O apartamento é um palimpsesto. Cada novo "tratamento" altera o espaço fisicamente. Portas aparecem onde não existiam, objetos se multiplicam, a arquitetura se contorce. Os quebra-cabeças estão mais ligados à observação atenta e à compreensão das regras distorcidas dessa nova realidade do que à lógica tradicional.

  • O Ritmo: É lento, deliberado e claustrofóbico. O jogo exige paciência e imersão. Quem busca ação rápida ficará frustrado.

Gráficos e Som: A Estética do Desassossego

  • Direção de Arte: O visual limpo, quase médico, do apartamento contrasta perfeitamente com as distorções visuais que surgem. Os efeitos de glitch, as texturas que não carregam direito e as mudanças súbitas de iluminação são usados com maestria para causar desconforto.

  • Trilha Sonora e Design de Som: O som é um personagem. O zumbido baixo de eletrônicos, os sussurros quase inaudíveis, a voz roboticamente calma da S.E.M.I. e os estrondos repentinos compõem uma camada de ansiedade constante. Os momentos de silêncio total são igualmente arrepiantes.

Narrativa e Temas: O Coração Sombrio do JogoA história é fragmentada, revelada através de e-mails, mensagens, anotações e, principalmente, pelas conversas com a IA. S.E.M.I. é uma crítica afiada à cultura das "quick fixes" (soluções rápidas), à medicalização das emoências humanas e à nossa dependência de tecnologia que promete felicidade.

  • Força Narrativa: A forma como o jogo faz você, o jogador, se sentir cúmplice da sua própria deterioração é brilhante. Você escolhe tomar as pílulas. Você interage com a entidade que está claramente te prejudicando.

  • Personagem: Você é um sujeito comum, e sua caracterização vem justamente das suas escolhas de diálogo e das suas reações às loucuras ao redor. A S.E.M.I. é, sem dúvida, uma das IAs mais memoráveis e sinistras dos jogos indie recentes.

Pontos Fortes vs. Pontos Fracos

PONTOS FORTES

PONTOS FRACOS

Conceito único e extremamente bem executado.

Ritmo muito lento, podendo afastar jogadores casuais.

A relação dinâmica e perturbadora com a IA S.E.M.I.

Alguns quebra-cabeças podem ser um pouco obscuros.

Atmosfera densa e incômoda construída com maestria.

Experiência relativamente curta (3-4 horas).

Crítica social inteligente e relevante.

O estilo de jogo é muito de nicho (walking sim + texto).

Distorções visuais e sonoras usadas com propósito narrativo.


Veredito Final: Um Remédio Amargo e Inesquecível

S.E.M.I. – Side Effects May Include... é mais do que um jogo; é uma experiência psicodélica interativa sobre a perda do controle. Ele consegue ser filosoficamente provocante e visceralmente assustador ao mesmo tempo. Não é para todos. Sua jogabilidade deliberadamente restrita e seu ritmo contemplativo exigem um jogador disposto a se entregar ao desconforto.

Recomendado para: Fãs de horror psicológico, admiradores de narrativas experimentais (como The Stanley Parable ou The Beginner's Guide), e qualquer um interessado em experiências digitais que questionam nossa relação com a tecnologia e a saúde mental.

Nota do Site: 8.5/10 - Uma experiência intensa e singular, com um conceito de IA narrativa que marca o jogador. Um exemplo de como os jogos indie podem explorar territórios narrativos onde os grandes estúdios não ousam entrar.

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Por Ramon de oliveira honorio

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